quinta-feira, 29 de outubro de 2009

+ 2016: Jornal O Globo de 28/10/2009


+ 2016, ou Começou a farra?


POR ANDREA GOUVÊA VIEIRA*

Quem é o pai do projeto que muda todas as regras urbanísticas dos bairros da Zona Oeste onde serão realizadas a Copa do Mundo e as Olimpíadas?A Prefeitura diz que não se manifesta, diz que não é dela a proposta e nem diz se gosta ou não gosta. Mistério.

Quem assumiu a autoria - comissões permanentes da Câmara Municipal - não tem condições técnicas para propor algo dessa envergadura.Isso nos leva a acender o sinal vermelho. Se começamos assim, sem transparência numa decisão tão importante, que envolve milhares de pessoas e bilhões de reais, como chegaremos a 2014 e 2016?A quem interessa o silêncio e a aprovação, a toque de caixa, de um projeto sem autor, publicado na terça-feira (anteontem) no Diário Oficial da Câmara (são 23 páginas, cheias de anexos e tabelas) e votado em sessão extraordinária?HOJE tem sessão extraordinária de novo. E o que vai acontecer?Se a sociedade está preocupada com o futuro da cidade e a seriedade dos eventos que virão, precisa cobrar uma posição clara dos vereadores e do prefeito.

*Andrea Gouvêa Vieira é vereadora do PSDB na Câmara Municipal da Cidade do Rio de Janeiro.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

RIO 2016

"Na China fizeram o Ninho de Pássaros. No Rio vão fazer o Ninho de Ratos"


A frase acima é do Juca Kfouri e eu copiei no blogger do Alberto Murray. Recomendo a leitura.

O link está no corpo do blogger!






A imagem ao lado: ASSALTO COM VARA!!


terça-feira, 20 de outubro de 2009

GUERRA DOS 30 ANOS



A Europa do século XVII encontrava-se em uma nova configuração onde várias nações tinham o interesse em ampliar seus poderes no continente por meio da conquista de novos mercados e territórios. Contudo, o despertar da concorrência entre as várias monarquias centralizadas, firmadas entre a Idade Média e a Idade Moderna, provocou vários conflitos e guerras. Foi nesse contexto que observamos a ocorrência da Guerra dos Trinta Anos, desenvolvida entre 1618 e 1648.

Para dar uma breve noção dos motivos que desenvolveram essa guerra devemos citar a situação do Sacro-império Germânico após o desenvolvimento das reformas protestantes. Naquela região, marcada como berço da Reforma, haviam diferentes reinos dirigidos por príncipes de orientação católica e protestante. Essa diversidade muitas vezes implicava em uma grande tensão política onde os reis de uma determinada região não aceitavam a prática de uma religião contrária à sua fé particular.

Um exemplo dessa situação aconteceu quando o imperador Rodolfo II passou a combater o protestantismo por meio da destruição de igrejas e a promoção de leis que reforçavam o poderio católico na região. Em pouco tempo, os príncipes protestantes reagiram à imposição criando a Liga Evangélica, que combatia os desmandos promovidos pela intolerância religiosa real. Do outro lado, os monarcas católicos germânicos criaram a Liga Sagrada, apoiada por outras monarquias ligadas à Igreja Romana.

A intransigência dos reis católicos na Boemia foi sentida com maior força, pois essa região do Sacro-Império era de maioria católica. Em maio de 1618, os protestantes promoveram um levante na cidade de Praga, que acabou despertando o interesse de outras nações anticatólicas em impedir a ampliação do poder dos Habsburgos, dinastia germânica interessada em combater o protestantismo no Sacro-Império e ampliar seu domínio político-territorial.

Inicialmente, as tropas que compunham a liga Sagrada conseguiram se sobrepor aos exércitos protestantes e, com isso, a dinastia Habsburgo desfrutou de um grande território controlado por uma monarquia centralizada e apoiada pela Igreja Romana. Dessa forma, o surgimento desse poderoso e agressivo poder acabou despertando a preocupação de outras nações européias que defendiam o protestantismo ou temiam a consolidação de uma forte concorrente no cenário mercantilista.

A Dinamarca foi a primeira nação que se manifestou contra o grande reinado católico que se formava no Sacro-Império. Paralelamente, os holandeses também apoiaram a reação protestante ao dispor de armas e exércitos que lutaram ao lado dos príncipes protestantes germânicos. Claro que por de trás dessas disputas havia o interesse dinamarquês em recuperar ducados que sofriam a intervenção dos monarcas católicos do Sacro-Império Germânico. Entre 1625 e 1627, novas lutas reafirmaram a superioridade dos exércitos da Liga Sagrada.

Dessa maneira, a supremacia dos Habsburgo foi instituída com a dominação sob os territórios e bens dos protestantes que, com a assinatura da Paz de Augsburgo, em 1555, haviam tomado posses católicas. O evento enfraqueceu o poderio econômico do Estado dinamarquês e despertou a preocupação da Coroa Francesa, que negociou a entrada das tropas suecas na luta contra os Habsburgos com a promessa de ceder territórios que garantiriam sua hegemonia na região báltica.

Nessa nova empreitada, os exércitos suecos liderados sob a rígida disciplina do rei sueco Gustavo Adolfo conseguiu expressivas vitórias que contavam com o apoio dos príncipes alemães protestantes. Com isso, os católicos tenderam a negociar o fim dos conflitos para que o equilíbrio político no Sacro-Império pudesse preservar em condições básicas o poderio dos católicos. Dessa maneira, os protestantes conseguiram renegociar algumas perdas impostas pelo Édito de Restituição.

A partir de então, os franceses resolveram intervir diretamente no conflito declarando guerra contra os Habsburgos e todas as monarquias que fossem aliadas dos católico-germânicos. O poderoso exército francês conseguiu aniquilar todas as forças inimigas que, mesmo com as sucessivas derrotas, não estavam dispostas a se render. A essa altura a guerra perdeu toda a sua motivação religiosa ao ver a França, nação tradicionalmente católica, lutando contra outras nações que professavam a mesma fé.

O tratado de Westfália (1648), negociado nos anos finais da guerra, pretendia acabar com o conflito que mobilizou quase toda a Europa. A França, extremamente beneficiada com o acordo, obrigou os Habsburgos a levarem seu projeto expansionista em direção ao Império Turco-Otomano e obteve domínio sob as regiões do Rossilhão, Alsácia e Lorena. Além disso, nações como a Suíça e a Holanda (Países Baixos) conseguiram consolidar a independência de seus estados.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

A MÍDIA MANIPULA CONTRA O MST


Mais uma vez a mídia tendenciosa parte pra agressão contra o MST, e defende o antigo modelo do PLANTATION* com a "coitadinha" da exportadora de suco de laranja. O latifúndio ocupado pela empresa, é contestado na justiça, pois o INCRA alega já ter comprado esse território para a reforma agrária, e através da grilagem os laranjais foram plantados.


Segue o texto de um dos dirigentes do MST:

*PLANTATION:

Mão-de- obra escrava (atualemente mecanização do campo)

Latifúndio

Monocultura exportadora



As laranjas e o show 7 de outubro de 2009

Por Gilmar Mauro

Na região de Capivari, interior de São Paulo, quando alguém exagera, tem uma expressão que diz: "Pare de Show!"

É patético ver alguns senadores(as), deputados(as) e outros tantos "ilustres" se revezarem nos microfones em defesa das laranjas da Cutrale. Muitos destes, possivelmente, já foram beneficiados com os "sucos" da empresa para suas campanhas, ou estão de olho para obter "vitaminas" no próximo pleito. Mas nenhum deles levantou uma folha para denunciar o grande grilo do complexo Monções. As laranjas, e não poderia ser planta melhor, são a tentativa de justificar o grilo da Cutrale e de outras empresas daquela região. Passar por cima das laranjas é passar por cima do grilo e da corrupção que mantém esta situação há tanto tempo.

Não é a primeira vez que ocupamos este latifúndio. Eu mesmo ajudei a fazer a primeira ocupação na região, em 1995, para denunciar o grilo e pedir ao Estado providências na arrecadação das terras para a Reforma Agrária. Passados quase 10 anos, algumas áreas foram arrecadadas e hoje são assentamentos, mas a maioria das terras continua sob o domínio de grandes grupos econômicos. E mais, a Cutrale instalou-se lá há 4 ou 5 anos, sabendo que as terras eram griladas e, portanto, com claro interesse na regularização das terras a seu favor. Para tanto, plantou laranjas! Aliás, parece ter plantado um laranjal em parte do Congresso Nacional e nos meios de comunicação. O que não é nenhuma novidade!

Durante a nossa marcha Campinas-São Paulo, realizada em agosto, um acidente provocou a morte da companheira Maria Cícera, uma senhora que estava acampada há 9 anos lutando para ter o seu pedaço de terra e morreu sem tê-lo. Esta senhora estava acampada na região do grilo, mas nenhum dos ilustres defensores das laranjas pediu a palavra para denunciar a situação. Nenhum dos ilustres fez críticas para denunciar a inoperância do Executivo ou Judiciário, em arrecadar as terras que são da União para resolver o problema da Dona Cícera e das centenas de famílias que lutam por um pedaço de terra naquela região, e das outras milhares de pessoas no país.

Poucos no Congresso Nacional levantam a voz para garantir que sejam aplicadas as leis da Constituição que falam da Função Social da Terra:

a) Produzir na terra;
b) Respeitar a legislação ambiental e
c) Respeitar a legislação trabalhista.

Não preciso delongas para dizer que a Constituição de 1988 não foi cumprida. E muitos falam de Estado Democrático de Direito! Para quem? Com certeza estes vêem o artigo que defende a propriedade a qualquer custo. Este Estado Democrático de Direito para alguns poucos é o Estado mantenedor da propriedade, da concentração de terras e riquezas, de repressão e criminalização para os movimentos sociais e para a maioria do povo.

Para aqueles que se sustentam na/da "pequena política", com microfones disponíveis em rede nacional, e acreditam que a história terminou, de fato, encontram nestes episódios a matéria prima para o gozo pessoal e, com isso, só explicitam a sua pobreza subjetiva. E para eles, é certo, a história terminou. Mas para a grande maioria, que acredita que a história continua, que o melhor da história sequer começou, fazem da sua luta cotidiana espaço de debate e construção de uma sociedade mais justa. Acreditam ser possível dar função social à terra e a todos os recursos produzidos pela sociedade. Lutam para termos uma agricultura que produza alimentos saudáveis em benefício dos seres humanos sem devastação ambiental. Querem e, com certeza terão, um mundo que planeje, sob outros paradigmas que não os do lucro e da mercadoria, a utilização das terras e dos recursos naturais para que as futuras gerações possam, melhor do que hoje, viver em harmonia com o meio ambiente e sem os graves problemas socias.

A grande política exige grandes homens e mulheres, não os diminutos políticos - não no sentido do porte físico - da atualidade; a grande política exige grandes projetos e uma subjetividade rica - não no sentido material - que permita planejar o futuro plantando as sementes aqui e agora. Por mais otimista que sejamos, é pouco provável visualizar que "laranjas" possam fazer isso. Aliás, é nas crises, é nos conflitos que se diferencia homens de ratos, ou, laranjas de homens.

Gilmar Mauro é integrante da coordenação nacional do MST.